Quando abrimos a torneira e a água corre, raramente pensamos no complexo sistema subterrâneo que torna isso possível. As canalizações — essas artérias invisíveis das nossas cidades — são essenciais para a vida moderna. No entanto, em Portugal, tal como noutros países, o seu estado está longe de ser ideal.
Um sistema envelhecido
Grande parte da rede de distribuição de água em Portugal foi instalada há várias décadas. Em municípios mais antigos, há canalizações com mais de 50 anos. Isso gera diversos problemas:
- Fugas constantes: As tubagens degradadas perdem água devido a fissuras, juntas mal vedadas ou corrosão.
- Perdas invisíveis: Estima-se que em algumas zonas urbanas se perca até 30% da água antes de chegar ao consumidor.
- Potencial de contaminação: Tubagens antigas podem permitir a entrada de contaminantes em caso de ruturas ou variações de pressão.
Soluções domésticas: ultrafiltração e osmose inversa
Perante a incerteza sobre a qualidade da água que chega às nossas casas, cada vez mais portugueses optam por instalar sistemas de purificação doméstica. Duas tecnologias destacam-se pela sua eficácia:
Ultrafiltração
- Utiliza membranas porosas que retêm bactérias, vírus e partículas em suspensão.
- Vantagens:
- Mantém os minerais essenciais na água.
- Não desperdiça água durante o processo.
- Ideal para zonas onde a água da rede tem qualidade razoável.
- Limitações:
- Não elimina sais nem metais pesados dissolvidos.
Osmose inversa
- Utiliza uma membrana semipermeável para remover contaminantes a nível molecular.
- Vantagens:
- Elimina sais, metais pesados, cloro, pesticidas e microrganismos.
- Produz água de elevada pureza, sem sabor nem odor.
- Limitações:
- Pode desperdiçar alguma água (embora os sistemas modernos reduzam esse impacto).
- Requer manutenção periódica.
Ambos os sistemas podem ser instalados debaixo do lava-loiça e ligados a uma torneira exclusiva para água purificada. Alguns modelos combinam as duas tecnologias para uma solução ainda mais completa.
Impacto ambiental e social
Cada litro perdido por fugas é um recurso desperdiçado. Mas também o é cada litro que não se consome por falta de confiança na sua qualidade. Estas soluções domésticas:
- Reduzem o consumo de água engarrafada, diminuindo o uso de plástico.
- Melhoram a saúde familiar, ao garantir água livre de contaminantes.
- Dão autonomia ao cidadão, permitindo controlar a qualidade da água que consome.
O que podemos fazer como cidadãos?
Além de instalar sistemas de purificação, podemos:
- Comunicar fugas visíveis nas ruas ou edifícios.
- Participar em debates públicos sobre investimentos em infraestruturas hídricas.
- Informar-nos sobre a qualidade da água na nossa zona e exigir transparência.
Conclusão:
As canalizações são o esqueleto invisível do nosso bem-estar hídrico. Enquanto se avança na sua renovação, tecnologias como a ultrafiltração e a osmose inversa oferecem uma solução imediata e eficaz para proteger o mais essencial: a água que bebemos. Em Portugal, cada vez mais famílias estão a dar este passo rumo à autonomia hídrica.